Caminho Sanabrés - Ourense / Santiago 2011

Caminho Mozárabe
Via de La Plata / Caminho Sanabres / Caminho do Sudeste
Ourense a Santiago 

Período:           08 a 13 Agosto 2011
Transporte:     Aveiro/Porto – Valência – Ourense /  “coche”
                          Ourense – Santiago / botas
                          Santiago – Ourense / comboio
Distancia:        103 Km
Links comboio : Portugal  - Espanha

Link plano:       Plano ourense - santiago
Check-list         Para não esqueceres do indispensável

O Caminho  “Lo Sheriff y sus Templárias Y Templários”


Nem sei como começar a escrever sobre este caminho.

O caminho antes do caminho.
Nos cruzamentos e entroncamentos do quotidiano fui encontrando pessoas.
É bom encontrar pessoas. Fui encontrando pessoas com coisas.
- As que tinham o sonho de ir a Santiago a pé, abria-lhes as portas do sonho.
- As que tinham as baterias da vida um bocadinho descarregadas, descrevia-lhes que o caminho era uma boa oficina e motivava-as a aceitar a experiencia e o desafio.
- As dos retiros lunares, com brindes sobre brindes e mais brindes, às páginas tantas, já íamos todos para Santiago, uma festa.
- As que nos conheciam e sabiam como éramos, vinham de mansinho, como quem não quer a coisa, mas a quere-la, encostavam-se delicadamente e quando dávamos por ela também já cá estavam.
Entre sonhos, baterias descarregadas, brindes e “encostas” delicados, estávamos catorze personagens aperaltadas para fazerem o caminho Mozarabe / Sanabrés.
Catorze!

Começaram as enxaquecas. Ainda se fossem sem “enxa”, mas não, eram mesmo enxaquecas!
Como se não bastasse apareceu, via blog, uma menina sénior a perguntar se podia vir connosco. Como é difícil dizer que não, disse que ia falar com a malta bla bla bla… sim. Veio outra vez a menina sénior perguntar se uma amiga, pátati… pátátá… Sim. Voltou outra vez a menina sénior a dizer que a amiga tinha uma amiga, patati… patátá…. - Sim, mas acabam aqui os “truques” femininos das amigas e dos amigos das amigas seniores, porque isto assim mais parece uma excursão ao Santoinho.
Estávamos 17 pessoas.
Dezassete!

Aumentavam as enxaquecas e partilhava piiiiiiiisss e mais piiiiiiiis com o Alex e com o João, sobre a encruzilhada onde estava (estávamos) metido(s). No intervalo dos piiiiis ainda nos ríamos a imaginar cenas “de gajas”.
Há boa maneira escutista: Alguma coisa há de dar Deus! Siga a marinha e botámoer!
Devagarinho, devagarinho, até porque Deus tem coisas mais importantes, foram desistindo, desistindo, desistindo e ficámos nove.
A coisa melhorou!
A três dias da partida, eu, por motivos com motivos, não podia ir. O João e o Alex assumiram a digressão e evitaram o email a cancelar esta odisseia. Na véspera da partida, eu, por motivos com motivos, pude ir.
Nunca um caminho foi, para mim, tão sinuoso, tão enchaquecado e com tantos  piiiiiiiiiiis antes de partir como este.
Cum catano!

A malta
Quando fazemos os caminhos, caminhamos com amigos que se conhecem bem, ou com amigos novos, que os amigos conhecem bem e dão garantias de um bom caminho. (no nosso conceito)
Pois neste caso não era bem assim. Uns conheciam uns. Outros conheciam outros e não conheciam uns. Outros conheciam uns e não conheciam outros. E por um bocadinho que uns nem conheciam uns nem outros.
E o que nos dava comichões e tiques nervosos é que destes uns e outros, no total de nove, seis eram meninas, quase todas seniores.
E vimo-nos, todos, uns e outros, pela primeira vez, em Valença, no café da manhã, antes de partirmos para Ourense onde iniciariamos o caminho depois do almoço.
Pensámos, penso que todos: «Vamos lá ver no que isto vai dar».

olhos nos olhos, todos pela primeira vez.

Ourense / Cea – 22 Km
Almoço partilhado no Albergue. O primeiro brinde do início de uma grande odisseia e a escolha do banco.
A escolha recaiu sobre a Carla, que afinal era Cami, porque foi a ultima a chegar, era a mais observadora e a menos faladora. Esta escolha não teve nada a ver com Freud ou qualquer outro complexo conforme a imaginação fértil de umas meninas quiseram fazer passar. Queriam era intriga era o que era. Nestas coisas das finanças convêm alguém reservado de lentes escuras para evitar corrupções e empréstimos a perder de vista.
Cumpriu com competência as funções que lhe foram confiadas, revelando-se no entanto uma gastadora compulsiva ao ponto de estoirar com os fundos do banco ao terceiro dia.

ourense. prontinhos para a viagem

A oração
Antes de partirmos eu, o João e o Alex, afastados das observações oftalmológicas femininas, pedimos auxílio a Santiago e orámos:

“Santiago que estais no céu, ajudai-as, olha que é a elas, às meninas, a serem muito amigas , a estarem serenas, a serem tolerantes, a serem generosas, a serem solidárias, a rirem, a cantarem, a partilharem as emoções do caminho com brindes, sem truques, intrigas e cochichos. Ámen.”

E partimos num pelotão compacto sob um Sol abrasador. E a Sãozinha já perguntava quando é que entregavam a “Porcelana”? Como o sol, dizem, é a energia intrínseca à vida, do Homem e da Mulher…pátáti…pátátá…., tínhamos trocado essa energia toda por uma lua fresquinha para subirmos aquela subidinha, com 19% de inclinação, e evitasse que o pelotão ficasse todo de pantanas.
Reagrupamos à procura de um café que existe mas estava fechado. Assim, tivemos a oportunidade de receber a generosidade de um bom galego que nos empanturrou com água galega. Coisas do caminho.

Chegamos a Cea de um modo mais ou menos trapalhão, acelerado, barulhento, tarde e a boas horas. Tarde e a boas horas, eu e o Alex, corremos à procura de um poiso para trancar a barriga.
Um poiso muito catita e acolhedor, com presuntos e tudo. Comprámos o famoso pão de Cea.
Trancados de sólidos e líquidos, as meninas, caloiras destas vidas, pelo chinfrim que faziam para se instalarem na camarata, e o povo a dormir, eram chamadas á atenção. Diziam que sim senhor, sim, sim… e logo de seguida mais chinfrim e fun-funs. Se não era o santoinho parecia o secundário.

A bebida do caminho
O João um nutricionista nato saboreava o chá de maçã e canela. Eu e o Alex para não estar só a olhá-lo também demos um golinho. Era chá. Faltava-lhe algo. Adicionado um xot de whisky, que bebida fantástica, aromática, colorida e fazia rir. Beleza! E as caloirinhas continuavam no chinfrim e nos fun – funs.
Oração a Santiago, estava a resultar, para o dia seguinte e descansar, porque nem só de chá vive o homem.
E houve quem nos tivesse visto chegar e não desse nada por nós.


Cea – Dozon – 14 km
 
albergue de cea. outra vez o grupinho.

Aquele famoso pão de Cea no dia seguinte é um pão granítico, mas que não impediu o João de enfardar, enfardar, enfardar e só não enfardou mais porque conseguimos encontrar as lunetas da Sãozinha no saco cama. Dormiu de óculos, só pode!
Chegamos cedinho a Dozon e almoçamos no Canton, hambúrgueres e cervejon. O albergom ainda estava fechadom.
Na conversa e na cerveja íamos vendo os peregrinos a chegar, e os peregrinos a chegar e a gente a conversar. E a Sara disse que a cerveja preta fazia crescer as mamas. Esgotou-se a cerveja preta!

tanta cervejinha preta.

Fomos para o albergue antes que esgotasse. Uns descansar e outros piscinar. Numa cooperação produtiva as meninas, que maçada, fizeram massada de gambas, quase sem sal, eu e o Alex fizemos uma sangria, quase sem álcool, o Joãozinho da piscina estabelecia os primeiros contactos com os “Colas do Sul”.
Saímos ao café do Canton para xupitons de bagaçons e anizons. Regressamos para o chazinho nutricional acompanhado com os micados da Susana, que foram todos papados e substituídos por chocolate chaparro, mesmo chaparro.
Oração a Santiago, continuava a resultar, para a etapa do dia seguinte e xonar.

albergue de dozon ca malta a chegar
Dozon – Laxe – 20 km

Aqueles que não davam nada por nós, foram apanhados num tasco, ao balcão, a degustar um café com xupito blanco. Convidámo-los para a festa da feijoada. Eram “Os Colas do Sul”, porque eram do sul e colas,  ficaram em tratar do vinho para grande noite da feijoada.
Almoçamos na estação de Lalin. Simpático o senhor galego.

mesmo com ar de colas e do sul

O Banco estoirou
Ao terceiro dia o Banco estoirou com os fundos do banco. Já era previsto. Ele eram gambas, sangrias, cerveja preta até esgotar, vinho rectoral…. Um vinho muito bom, para ser administrado por via oral, mas caro.
Foi um baque. Quê? Já não há graveto? Fonhasse!

... pois, era um tal gastar...gastar....
que só podia dar nisto.
ó nina não tejas triste, é sempre assim
em todos os caminhos!
 





-"$%&#&%#£@§£"...- não digas palavrões...
mãos sábias propoem uma ação de
angariação de fundos e um brinde













A angariação de fundos foi aceite por todos e podemos continuar a consumir cerveja e vinho rectoral. Acabaram-se as gambas.
Banco para trás das costas. Todos em alta e em alta continuámos no tasco seguinte, com cerveja fresquinha para acalmar o sol abrasador. Os Colas já tinham passado e levado 3 botelhas de vinho. 3?Só? Bota mais 2!.  5 garrafitas pá festa da feijoada. A coisa “táva-se” a compor.

a taberna do vinagre

Há seis anos que busco um bastão natural do caminho. Eu, o Alex e o João ficámos a esgaçar o que seriam no futuro umas belíssimas árvores, (tava a brincar é só pa picar os ambientalistas) mas arranjamos uns magníficos bastões de caminhada.
Que felicidade! O Alex desata logo a esgalhar o dele com o canivete suíço do João e o João com comichões nos olhos a ver o canivete suíço a transformar-se em serra.


A sorte do canivete foi o Sr. José de Laxe que nos refrescou a alma com palavras de vinho branco fresquinho. Ui…uns santos, o Sr. José e o Branquinho. Mais animação, mais uma garrafita, e não fosse a esposa chamá-lo, ia a terceira. Retribuímos com a promessa de um abraço ao Apostolo.
Partimos como os gajos mais felizes do mundo…. Eh pá os bastões? Ah! Os bastões ficaram no muro da casa do Sr. José. Vão servir a alguém. Siga a marinha!


Encontrámos as meninas a refrescarem-se à sombra das arvores com os pezinhos na ribeira. Nunca vi tanta unhinha em tons de pastel por metro quadrado. Dava um impressionista de unhinas fantástico!

tão gira a unhinha esquerda. onde compraste esse tom de pastel


Chegamos ao albergue de Laxe. Banhos, perfumes e tudo pronto pá festa do feijão.
A feijoada comeu-se bem. As 5 garrafitas de “vinho vinagrete”? Nem com gasosa! Bebeu-se uma para não perdermos a honra.
Chazinho simples, acabou-se o xote. Oração a Santiago, (continuava a resultar). Descansar.
Era para levantar cedo, muito cedo.

a festa do feijão e a garrafinha da honra

Noite muito aromática com, segundo a Susana, puns e punzetes. Tamos sempre em atualização, parecemos o Windows. Puns e punzetes! Quem diria! Como diferenciar uns de outros: pela sonoridade, pelo comprimento de onda, pela intensidade nasal,  pela humidade. É bonito! Tem ar higiénico! Puns e punzetes! Sim senhor!

Laxe – Outeiro – 29 km

já com os colas integrados. os outros 2 estão a tirar a foto


Os Colas do Sul perderam a vergonha e colaram-se definitivamente. Saímos às 03:00 com lua e estrelas. O David, lá de cima dos 1:90m, tirava os azimutes todos e sem infra vermelhos. O João, sensível a estas naturezas noturnas, teve o momento de obração, é habitual, já o conhecemos, emociona-se com as estrelas.
Contrariando as setinhas e as vieirinhas fomos asfalto fora até Bandeira. 08:00, sem estrelas e metade da etapa feita. Pequeno-almoço e seguimos para Ponte de Ulla, 16 km, acompanhados por um “perro” que decidiu imigrar.

tou farto de Bandeira. vou colar-me a este gajo, com ar de cola
 e vou para Ponte Ulla


Eu, o Alex e o João encostámos 15 minutos para descanso, com puns e punzetes, mais 15 minutos para umas cañas, no “El Emigrante”, com mostarda a acompanhar. Chegamos a Ponte Ulla.

Oferta a Santiago em Ponte Ulla
Depois daquela contenda bancária e do vinho vinagrete, a Bé, no original Isabel, em sonhos, como na Biblia, foi a escolhida para juntar o rebanho, mais os Colas, e oferecer a Santiago, mas partilhado por todos, o sacrifício do porco grelhado, com cañas. Cumpriu religiosamente as indicações biblicas. Santiago, certamente, deu saltos de contente. Nós saltamos com ele e saltámos mais que ele. O caminho tem coisas espirituais muito boas. Abençoado sonho de partilha e comunhão. Muito Bom!

o rebanho e o sacrificio do porco grelhado


E Muito Bom continuou a ser. Eu e o Alex vimos o supermercado “cerrado” e monte acima, paramos para uma cigarrada no fim da primeira subida. A Sãozinha, mais a Catarina, mais a Susana, abraçadas, equilibradas, passaram a cantarem “ Aleluia” e Aleluia acima continuaram, com um zig à direita (era uma curva) e equilibradas.
Lá ao fundo vinha o João carregadinho de sacos com compras e maças na mochila. O João conseguiu ver o supermercado “abierto”. Coisas do espirito, nem todos são os escolhidos para ver tudo aberto. Com justificações aos saltinhos fomos os três com os saquinhos das compras.
O resto do rebanho, vinha lá, contente, feliz e aos saltinhos.

Albergue do Outeiro
No caminho Inglês encontramos uma familia de Valencia com coisas do caminho. Pois neste caminho encontramos outra familia de Valencia, mais alegre, pois estavam todos na mesma onda, mesmo o descendente, sempre a rir e à procura de alguém para uns chutos na bola que trazia na mochila. E esta familia também não deixa de ser coisas do caminho.

o miúdo de valencia. o pai e os colas.
ao lado da arvore, do lado esquerdo, tem um tasquinho de gins
muito bom. 

Refrescados e perfumados jantámos no tasquinho dos gins em frente ao albergue.
Uns foram descansar, outros ficaram. Ficaram os apreciadores de conversas com gin e uns cigarritos nos intervalos.
Sentámo-nos sobre a paisagem que desbravámos no dia anterior, agora contornada pelo lápis da noite, com estrelas, com muitas estrelas, com mais estrelas que nas cidades.
Tudo conjugado para uma noite de grande comprimento e de conversas em volta de brindes intemporais. Era a última noite antes dos abraços e do Abraço. Mas quis Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de Santiago, que dos cinco fumadores nenhum tinha cigarros.
Ahhhhh! E agora? Agora? Esquece o lirismo da paisagem e das estrelas e vamos dormir para esquecer. Em três tempos tudo no albergue. Foi uma peninha porque tinham acabado de chegar os eslovacos… e só deu  para um brindinho.
E amanhã? Amanhã o quê? O cigarrito pó café? A Maria! A Maria tem tabaco! Pois tem.
Vá, vamos fazer sono para ir ter com a Maria.


Deitadinhos que nem anjinhos celestiais, a fazer força para dormir, num silêncio de pessoas cansadas, ouvimos um som eslovaco muito português…PLOC… iam na segunda garrafa. Que liiiindo!
Já devem ter reparado que nesta ultima noite, nem chá, nem oração. Que loucura de etapa, num dia maior que o dia. Um brinde do melhor!

Outeiro – Santiago – 18 km

cais dores, cais bolhas, cais cansaço. ultima etapa.

Antes de acordar o sol  já estava de volta da Maria na resolução dos vícios. A Maria, na sua generosidade, distribuiu cigarrinhos para os necessitados.
Cigarritos angariados, café tomado e partimos.
Eu e o Alex fugimos ao pelotão.


O Alex, antes 15 dias, com o Cajó, tinham feito o reconhecimento deste caminho para que nada faltasse às meninas.  Acordou, então, com a Carminho café e torradas para dezassete viajantes para o dia 11.
A Carminho estava zangada. Chegamos no dia 12 e só via dois peregrinos. Quando viu o resto das tropas, embora não fossem dezassete, ficou mais animada e até ofereceu rebuçados. Boa onda a Carminho e as torradas.
Continuamos isolados até 2 km de Santiago, onde num templo, debatemos temáticas com o amigo galego, sobre futebol, futebol e futebol, em volta de martinis com cerveja e cidra. Chegaram as meninas e os meninos para um brinde comunitário. Era o aperitivo para a missa do peregrino.   


Santiago – Santiago

Entrada em Santiago
Entrámos na Praça do Obradoiro com as emoções de cada um, traduzidas na envolvência de abraços com abraços. Abraços que perduram na memória.
Para marcar o momento tentamos um “grito”, como os gajos do basket, todos num circulozinho com as mãozinhas umas sobre as outras… Bem, aquilo foi um gritinho tão ensosso, tão sem alma, tão sem jeito, que louvado seja Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, até corei…
O abraço é que é! E é tudo!



Ritual do Peregrino
Participamos na missa do peregrino com tudo o que ela contém, aos olhos de cada um….
E sem nada o fazer prever, talvez fosse da oração diária, fomos agraciados com o botafumeiro, cântico e incenso com notas musicais que nos invadiram a alma. E de tarde mais um botafumeiro, isto é que foi, com tanto incenso a alma já se ria.
Levantámos a tão ansiada “Porcelana” e fomos ao Abraço.

Conversinha, no Abraço, com o Tiago.
- Tiago?
-  Tiago ,
o más grande es mejor no olvidar!
- Sí, sí, pardon! O mayor!
- Pero son los Tugas! Hola! Ihihihihihihi... lo que el gritinho  en plaza del obradoiro fue demás... ihihihih… en 800 años… ihihihih…Yo estoy aquí yo no me río tanto ... ihihihihihih ... Y lo que es "Porcelana"?
- Es Saozinha, dice la porcelana en vez de Compostelana.
- Gritinho . Porcelana. Cerveza negra...Que la diversión son os Tugas….
- Tiago, gracias por escuchar nuestra oración.
- ¡Ah! No era necesario. Vi de inmediato que las chicas eran buenas personas y los adhesivos (colas) fueron también muy muy bien. Pero lo hicieron bien rezar, más vale prevenir…
- Ahora bien, el abrazo y un abrazo más señor José de Laxe.
- Bueno. Se puede Ir y volver, sin el grito , mas con diverson!  Y Alex excusa para venir aquí tres veces al año. Fue aquí, en el Año Jubilar es la indulgencia plenaria, por lo tanto.
- Tiago, muchas gracias y hasta la próximo abrazo.
-Bueno Paris-Dakar!
- Ops. Sabe tudo!

Despedida da Sara
Pois. Foi uma peninha até porque havia um Paris-Dakar para realizar e era uma adversária poderosa. Mas tinha outros caminhos para trilhar. Com beijos, abraços e saudades despedimo-nos da menina. 

Angariação de Fundos
Como ficou acordado em Lallin tínhamos de angariar fundos para repor a imagem e a honra do banco.
Com os dons que Deus nos deu e nós aperfeiçoamos, saímos para a rua:

o coro dos templários no seu melhor
horas e horas de estátua 
boa ideia mano, sentadinhos e isto 
até rendeu.
sãozinha a solo com orquestra














Tempo livre
Para recuerdos e algum espaço individual dividimo-nos. Eu e o Alex fomos comprar as coisas para a festa surpresa do aniversário do João. O João foi aos recuerdos. As meninas? Todas no Coronel Tapioca.
À hora marcada todos no santuário “A Liga” para lanche com cañas.  No fim de tanto lanche, ao sair, o João disse para o Alex: Olha ali aquele saco. Não é para a festa surpresa? Eheheheh foi como as varas. Umas cañas e a festa já era!

Aniversário do João
A festa surpresa que já não era surpresa mas teve uma enorme surpresa. A contratação, pelas meninas, da Tuna Universitária de Compostela, que contou com a participação sorridente do aniversariante e que atuaram até à hora regulamentar.
E o povo saiu á Praça do Obradoiro para celebrar os aninhos do João.
Depois da hora regulamentar, em local solene e emblemático, aquele sitio onde juntamos as botinhas e tiramos fotos às botinhas, na Praça do Obradoiro, continuamos a festa com a abertura em vários atos, do bolo Cruz de Santiago acompanhado com cânticos de louvor e brindes ao João.
33 anos em Santiago... foi o escolhido
o João, doutor honoris causa da tuna












O escolhido para Sheriff de Compostela
Acabado de completar 33 anos, detentor de um Paris–Dakar  e com 5 caminhos no bucho, o João foi o escolhido, também em sonhos, (aqui sonha-se muito) pois, além das suas qualidades espirituais e humanitárias, reunia os requisitos para ser investido como “Sheriff de Compostela”.

A investidura
(De olhos vendados e rodeado pelas Templárias e Templários, com o povo ao fundo, a circular pelas traseiras, iniciámos a investidura do João)

A razão de estarmos aqui reunidos na Praça do Obradoiro e na presença de Santiago, o Maior, (segundo o João) é que o JoãoPauloTavareseAveiro@gmail.com vai ser investido em “Sheriff de Compostela” .
Esta noite, antes do roncar dos motores do Paris-Dakar, o JoãoPauloTavareseAveiro@gmail.com vai ser investido em Sheriff de Compostela, que é um sinal evidente da ambição pessoal em assumir os desígnios desta bela e mui nobre cidade de Compostela e em particular os desígnios do santuário “A Liga” , das máquinas Singer e de todo o circuito entre Paris e Dakar.
A investidura do JoãoPauloTavareseAveiro@gmail.com significa a sua entrega aos outros, aos caminhos, à mochila com tudo, ao xupito blanco, ao rectoral e de modo incondicional à maçã e canela com poção de malte.

- Templários e Templárias está junto de nós o JoãoPauloTavareseAveiro@gmail.com para que seja investido em Sheriff de Compostela. Estais de acordo que possa ser investido?
- Siiiiiiiiiiiiiiiiiiimmmmm.
- Não é preciso esse coro de vozinhas mimadas do infantário, basta dizer: Sim. Repitam.
- Sim.
- Já que não foi possível ser Comendador na minha bela cidade de Aveiro e das Terras a Norte do rio Vouga, desejo ardentemente ser investido em “Sheriff de Compostela”.
- Prometes cumprir com lealdade, fidelidade, empenho e sem truques a missão para que vais ser investido? 
- Oui.
- Não é oui. Deveis dizer: Sim, prometo.
- Sim, prometo.
- Ah! Então fazei o vosso compromisso d’honra.
- Eu, JoãoPauloTavareseAveiro@gmail.com prometo pela minha honra e com a graça dos manos e manas templários do caminho de Ourense fazer todo o possível por:   

- Cumprir os meus deveres para com o santuário ”A Liga” e o café das máquinas Singer.
- Manter o rali Paris – Dakar em bom estado de conservação, boxes abertas até á luz do dia e ajudar os meus semelhantes em quaisquer circunstâncias.
- Cumprir e fazer cumprir o ritual do peregrino, com distribuição de maçã e canela com malte, durante o Botafumeiro, para que, com o incenso, o peregrino sinta a leveza do ser a rir.

- Assim, pelos poderes que nos são concedidos pelos peregrinos e viajantes dos caminhos, em particular do caminho Mozárabe, recebei: A ESTRELA - Simbolo do caminho noturno e do estrelato de vossa senhoria. O BOIÃO D'OURO BRANCO - com pura poção de malte templário, para que maçã e canela vos façai rir nas rondas de compostela”. Insignias , estas, que farão de vós Sheriff de Compostela.


- Amen.
- Oh templários, atão? Dizei também ámen. (Cambada d’ateus.)
-Aaaameeennn.
- Felicitemos, pois então, o Sheriff de Compostela.

Felicitações e golinhos de malte jorraram pela Praça do Obradoiro. Vamos ouvir as primeiras palavras do Sheriff de Compostela:
- Nem estou em mim com tantas emoções. Mas cumpre-me o dever de informar que está na hora de começar o Paris – Dakar.

Paris- Dakar (não há fotografias ficaram muito tremidas, não se reconhce nenhum piloto)
Dos doze pilotos inscritos no Paris-Dakar 2011, compareceram seis concorrentes á partida. Sem regulamento  ( vê aqui um regulamento )  e sem júri, só atrapalham, foi cada um assapar por si.

1ª etapa – Paris / A Liga
Fizemos uma partida rápida de Paris, deixando no ar um cheiro a botas queimadas. Antes do km 1 já entrávamos nas boxes da “Liga”, problemas técnicos no abastecimento levou-nos a perder algum tempo.

2ª etapa - Liga / Vaová
Partimos em simultâneo e com velocidade controlada, para poupar combustível, que deu para chegar ao abastecimento em VAOVÁ – Algalia de Arriba,18. Bastante tempo parados nesta boxe com a dança do Bruno manco com a cota, comissária de pista  galega. Nesta altura o sheriff já conduzia sem estrela e o David oferecia-lhe a espada fluorescente dos templários em volta de puns e punzetes com intenso aroma a gin.

3ª etapa - Vaová / Atlantico
A Catarina demonstrava ser a condutora mais regular em pista. Saímos para a terceira etapa até ao PUB ATLANTICO-rua fonte s. Miguel, 9, não me recorda nada deste abastecimento.

4ª etapa - Atlantico / Choiva
Partimos com grandes arranques à Juan Manuel Fangio e entramos diretos no BAR CHOIVA – antealtares e ficamos sentados a ver os mecânicos(as) a trabalhar. O Bruno perguntou 3 vezes pela rádio se “dispensou” se escrevia com um "i" ou um "é"… e com o tempo a esgotar-se saímos na esgalha.

5ª etapa - Choiva / Praça das Praterias
Boxe cerrada. Circuito cerrado.

Estoirados com o esforço físico despendido, fomos ao ralanti e alguns em ponto morto, a celebrar o feito histórico, conclusão de 4 etpas e 5 boxes, sem penalizações, no tempo record (para nós) de cinco horas. Que pilotos!  Fantástico!

Despedida dos Colas do Sul
Àquelas horas foi: Xau, gostamos muito de vocês. Depois falamos. Marcamos um encontrão. Bom caminho para Finisterra (aqui tive um xisquito de inveja).
Uns fixes estes Colas.

Santiago – Ourense
Deitar e logo levantar, não se faz a um peregrino quanto mais a três peregrinos. Mas como estava tudo programadinho pelo Sheriff, ai de nós contrariá-lo.
Chegamos â estação dos comboios e o comboio das 10 para Ourense, ao sábado era às 15:00. Ehehehehe o Sheriff passou-se… e logo bitaites da malta: vamos de táxi… vamos alugar um carro… vamos de autocarro…
Vamos é almoçar e esperar pelo das 15:00.
Almoçamos, visitamos a loja  “ferrari” das mochilas. E, desígnios de Santiago, consegui encontrar um bastão nos caminhos de Santiago. Pronto foi numa avenida e é tortito. Mas passou a ser: “O meu bastão urbano de Santiago.”
E tudo pó comboio.
Foi pena o comboio não vir até Aveiro. Adoro viajar de comboio e com mochila.

Ourense – Casa
Beijos, abraços e até já.


Do lado de cá
Se no nosso dia-a-dia conseguirmos "ser" um bocadinho daquilo que fomos, uns com os outros, naqueles dias, é porque percebemos o que são os caminhos de Santiago. Se não conseguirmos "ser", então, é melhor não sairmos de casa para não atrapalhar aqueles que  conseguiram "ser".
Adorei este caminho!
Beijos, abraços e até já!

Não fosse a memória do Alex, esta odisseia era contada assim:
Foi um caminho fixe, rimo-nos muito e ficamos muito amigos. Gostei de tudo e quero voltar. Saudades e beijinhos. Pronto e um brinde.


Apoios:



Cartaz promocional festejos Santiago 2011




4 comentários:

C. Cardoso disse...

Um registo soberbo, onde nada foi esquecido. Com muito humor e compreensão. Ri a bom rir. Falta dizer: ao Zé, Alex, João - Obrigada. A todos: um grande xi,
Beijinhos

Cândida

Bina Binedo (Ana Fragoso) disse...

Uma delicia...
14 pessoas??? é obra!!!
Boas aventuras para todos

Unknown disse...

Boa tarde.
vou fazer o caminho de santiago com partida de ourense no proximo dia 7/09, no entanto estou com alguma dificuldade em saber como chego a ourense por transportes publicos desde lisboa...
Obrigado

meia bota, bota e meia disse...

hipótese 1
expresso rodonorte Lx-Chaves, táxi Chaves-Verin (espanha) e autocarro Verin-ourense.

hipótese 2
comboio ou expresso Lx-Porto, comboio direto porto-vigo, comboio vigo-ourense.

vê tb neste link:
http://autobuses.costasur.com/pt/-orense-mr2.html
tem expressos Lx-santiago e depois o comboizito.

e bom caminho