Meia Bota, Bota e Meia, calçamos as botas, pegamos na mochila e vamos ao caminho, ou como peregrinos, ou como viajantes, ou como caminheiros ou como o que quer que seja...
Deixamos o conforto do ninho, a familia, os amigos, as nossas coisas, a televisão, os jornais, o futebol, o cinema, o teatro, os hábitos diários , e, partimos, às vezes sabe-se porquê, outras vezes nem por isso, mas partimos, à procura de algo que nos ilumine, que nos transforme, que nos liberte, que nos faça acreditar na vida.
Partimos a saber que podemos ter bolhas e tendinites, que nos vão doer os ossos, as costas e os musculos, que vamos dormir num sitio, que vamos comer quando pudermos...
Mesmo a saber isto tudo, partimos…
Porque será?
Porque será?
Porque no caminho passamos a "SER" em vez de "TER".
Porque no caminho não há fatos e gravatas, ricos ou pobres, brancos ou negros, religiosos ou ateus, somos diferentes e iguais.
Porque no caminho libertamo-nos dos rituais do quotidiano, das obrigatoriedades institucionais e religiosas.
Porque no caminho, peregrinos ou caminheiros, viajantes ou turistas, estamos em comunhão, o caminho é de todos e todos pertencem ao caminho.
Porque na paz e na harmonia do caminho transformamos o esforço e as dores na entre ajuda, na partilha, no riso, na solidariedade, no olhar para outro (até através de uma cerveja se vê o outro e se forem muitas cervejas vê-se uma comunidade).
Porque no caminho temos tempo para contemplar a natureza, para ver o nascer e o pôr do sol, para conhecer o outro, para orar, para reflectir, para escrever, e, para ir ao encontro d'Ele. (Seja qual for o teu Ele)
No regresso chegamos ansiosos pelo reencontro com a familia, com os amigos e com as nossas coisas. Inicialmente estamos meios tantans, apáticos, obtusos, sem sabermos muito bem o que dizer e fazer... devagarinho começamos a visualizar o caminho, agora do lado de cá, e, a tomar consciência dos efeitos que ele teve em nós, na nossa relação com a vida, com os outros e com o Ele.(Seja qual for o teu Ele)
Sobre os caminhos de Santiago o melhor que já ouvi.
"Tem lá tudo, só preciso levar os cigarros"
Cajó - no caminho Português em 2010
...se não fores fumador não precisas levar nada...
3 comentários:
Eu sei o que é ter bolhas e mais bolhas, 1 a 2 por dia, ver unhas a cair ter de de as tirar...e sei o que é, mesmo com estas coisas todas seguir em frente e conseguir chegar com uma grande emoção ao fim. Acreditem...até sabe melhor!!!
Como diz Paulo Coelho "O verdadeiro caminho da sabedoria pode ser identificado por apenas três coisas: precisa ter amor, deve ser prático, e pode ser trilhado por qualquer um."
Isabel
Não compreendo porque é que neste blog, aparentemente tão dedicado
a caminhadas religiosas, se faz tanto apelo à ingestão de cerveja e vinho! Tem alguma razão especial?
Obrigado pela visita.
Não apelo a coisíssima nenhuma, nem há qualquer razão especial…e considero o meia bota, bota e meia um blog, mais com pinceladas de espiritualidade do que religiosidade.
Manifesto e divulgo no meu blog o prazer de viver, de viver com alegria. Neste sentido todos os motivos são bons para uma celebração, para um brinde: aos amigos, aos caminhos peregrinos, a outros caminhos, ao sucesso dum amigo, aos aniversários, aos casamentos, à vitória do meu clube, à vitória do clube dos amigos, às pessoas, aos filhos, ao dia disto, ao dia daquilo…e faço-o com vinho ou cerveja, bebidas que gosto e fazem parte da história da humanidade.
Mas pode-se celebrar e brindar com água, sumos ou café, o importante é que se celebre, que se brinde… E como um brinde implica estar com alguém, é um bom motivo para um copo e uma boa conversa.
Como seria bom que a vida fosse, para todos, um brinde permanente… com vinho ou com água, não faz diferença.
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