CEIA COM CALOR - voluntariado

Voluntariado, faz bem e é de borla.
"Ceia com calor", uma designação quente de um projecto humanizante e afectivo, desenvolvido pelas Florinhas do Vouga, que procura dar um pouco de calor e afecto a todos aqueles que vagueiam pela noite e pelo tempo, sem pouco tempo e poiso certo, que por uns motivos ou por outros, eles aí andam na reconquista da vida...
Quando o meu amigo benu me falou em abraçar esta causa, fiquei feliz por poder dar um pouco de mim... além dos bens materiais que possamos dar para as mais variadissimas causas, é gratificante e envolvente darmo-nos ao outro...
Como sou bastante sensivel à desumanização das "pessoas" e como nunca tinha vivido uma situação destas, de lidar e conviver com a "pobreza", levantaram-se algumas questões que tive de reflectir e gerir, de modo a que a minha presença fosse uma mais valia e não mais um atropelo...
E não vale a pena grandes filosofias sobre as causas, sobre os sistemas, sobre ricos e pobres, sobre a economia e globalização, sobre se é correcto ou não... se as coisas estão assim devemos contribuir com o "nosso quase nada" como semente e incentivo de mudança de que vale a pena acreditar na vida...
Assim, parti para a missão, como um bom ouvinte na partilha das palavras e da noite, independentemente da cor, raça, religião ou ....
Com tempo e persistencia, como na ginástica, talvez vejamos os efeitos de nos dar ao outro.
Se estivermos atentos e observarmos bem, se calhar no calor da noite, recebemos mais...do que o que damos...
um conto
Um homem caminhava, ao pôr-do-sol, numa praia deserta. À medida que avançava, começou a avistar outro homem à distância. Ao aproximar-se, notou que ele se inclinava, apanhava algo e atirava para a água. Repetidamente, continuava. Inclinava-se, apanhava algo e atirava para a água. Aproximando-se ainda mais, o homem, notou que o outro estava a apanhar estrelas-do-mar que tinham sido arrastadas para a praia pela força das marés e, uma de cada vez, as lançava de volta à água.

O homem ficou intrigado. Aproximou-se e disse:
— Boa tarde, amigo. Estava a tentar adivinhar o que está a fazer.

— Estou a devolver estas estrelas-do-mar ao oceano. Sabe, a maré está baixa e todas as estrelas-do-mar foram arrastadas para a praia. Se eu não as lançar de volta ao mar, à sua casa, elas morrerão por falta de oxigénio.
— Já entendo!? Respondeu o homem, mas deve haver milhares de estrelas-do-mar nesta praia! Provavelmente não será capaz de as apanhar todas. É que são muitas. E além do mais, isso está a acontecer em centenas de praias acima e abaixo desta! Vê que não fará diferença alguma?

O outro sorriu, curvou-se, apanhou uma outra estrela-do-mar e, ao arremessá-la de volta ao mar, replicou:
- Olhe, fez diferença para aquela!
anónimo
Apontamentos
"...ali encontro pessoas, como eu, que entendem os meus problemas."reunião 30 de setembro de 2008. pd joão citando um amigo da noite.

4 comentários:

éme disse...

Eu fico contente por poder participar neste projecto, ainda por cima com mais três companheiros tão divertidos! =) Beijnhos,
Maria João

Alírio Camposana disse...

Concordo em pleno com a solidariedade expressa no gesto. Mas, também penso que muitas dessas pessoas que vagueiam pelas ruas à espera que alguém as ajude, têm em primeiro lugar que se ajudar a elas próprias. Desde que não estejam irremediavelmente desestruturadas do ponto de vista psíquico e físico (para isso defendo soluções bem pragmáticas que não caberiam neste pequeno comentário)devem ser responsabilizadas e não ficarem com a sensação de que os "outros" devem amparar os seus erros eternamente. A responsabilização amiga é, do meu ponto de vista, uma grande terapia!

Um abraço.

Unknown disse...

nem imaginas quem sou..mas continua que fico feliz

meia bota, bota e meia disse...

claro que não imagino... mas fico contente por teres passado por aqui e, mesmo a continuando a não imaginar, vai passando e vai dizendo coisas...
obrigado pela visita