Padres portugueses são campeões europeus de futsal
Parabéns senhores priores lusitanos.
Os genuínos católicos praticantes!
Como santos ao pé de porta não fazem milagres os nossos priores de Portugal foram à Hungria para se dar o milagre de sermos campeões de qualquer coisa. Campeões da Europa de futebol numa sala, o tal futsal.
Só um reparo, coisa de pouca monta, em vez dos equipamentos verdes e vermelhos cá do burgo, podiam ter usado equipamento azul celeste e branco, ou amarelo e branco. Na camisola duas tirinhas, uma verde do lado direito, outra vermelha do lado esquerdo a contornarem o pescoço, era assim como uma estola incorporada no jersey. Ficavam catitas e enquadrados num ambiente celestial ecuménico. Honravam as cores da santa sé e as cores nacionais.
O equipamento do arbitro devia se roxo com as insígnias bordadas da santa sé. Os cartões para admoestar os atletas de Cristo seriam de cores roxa e cor-de-rosa.
Bem, mas o que me trouxe aqui, alem das felicitações aos nossos priores, e dos equipamentos, foi a curiosidade da linguagem utilizada durante estes encontros futebolísticos entre padres cristãos, católicos, apostólicos e romanos do futsal.
É sabido e ouvido com frequência no futebol, amador ou profissional, desde os mais pequenos aos maiores, que a linguagem utilizada com as entradas mais violentas aos perónios, aos cotovelos esquecidos nos queixos do outro, as rasteiras subtis, aos encontrões no chega para lá, aos puxões do chega para cá e outras cacetadas futeboleiras é uma linguagem com muitos foscasses, carais, bois e outras coisas que pariu, imprópria para consumo auricular.
No futsal católico, apostólico romano a linguagem é outra.
Uma entrada mais violenta às canelas:
- Poças pá, tem mais cuidado, magoaste-me!
O cotovelo esquecido no queixo do outro:
- Oh meu Deus. Ai, ai, ai, ai , ai Jesus, ai, ai, uuuuuu.
Um puxão no jersey para interromper a jogada:
- Porra pá, ia ficar isolado. Tou arreliado. Isso não se faz. Porra.
Uma entrada a pés juntos mais durita.
- Xiiiiiça, aiiiii, valha-me Deus, ai Jesus , xiça panico…quisto dói tanto!
Num lançamento da linha lateral com a bola ao pé do adversário.
- Podias-me chegar a bola se faz favor?
- Por nada aqui a tens.
- Obrigado.
Nas discussões com o árbitro:
- O senhor árbitro é um fariseu, um judas é o que é. Tá feito com o bispo que tutela o desporto.
–Ele quer é um tacho em Roma. Eu bem o conheço por isso é que se meteu na arbitragem católica!
No balneário, quando as coisas correm menos, bem o treinador com serenidade desculpa-os:
- Senhor perdoai-lhes que eles não sabem mais!
Na celebração do golo não é aquela gritaria tradicional gooooooooooooooooooooolo, não, é cantada com espírito e alma.
Gooolo, golo aleluuuuuia,
Gooolo, golo aleluuuuuia,
Gooolo, golo aleluuuuuia,
Louvor a ti (e dizem o nome de que marcou o golo)
Assim, sim, o futebol é um desporto para as famílias. Para as famílias que gostam de futebol.
À chegada dos nossos campeões eclesiásticos, tinha ficado bem a presença do senhor patriarca, dos senhores bispos auxiliares e outros bispos, e outro clero a cantarem em gregoriano o “We are the champions”, embalados ora pá esquerda, ora pá direita com os cachecóis amarelos e brancos, esticadinhos no ar, ao compasso dos embalos.
Tinha sido bonito e fraterno.
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