Regresso



A pedido de várias famílias e amigos, associações columbófilas e culturais, bandas filarmónicas e condomínios, coletividades anónimas de Carrazede de Ansiães e da Charneca do Ribatejo, de caminheiros e peregrinos deprimidos, isolados, angustiados que se afundavam nos vícios da gula e da luxúria, perdidos em casa e nos trilhos da sua existência, com sinais evidentes de depressões profundas em volta de pastéis de nata e torresmos com ovos cozidos, estou de regresso.

Mas para regressar é preciso partir, e quem dá a partida é o chefe da estação, e a estação mais bonita é a da primavera, e na primavera as andorinhas e os andorinhos fazem os ninhos nos beirais dos transístores, e os transitórios amplificam a fala, e quem fala tem boca, e quem tem boca vai a Roma, e em Roma sê romano, e na terra do bom escrever escreve como vires escrever.
E cuidado com os moços e moças que falam sem mascara muito chegadinhos a ti, podem ser covides em forma de moços.

Abre as botas e botandar, sem saires de casa.



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