caminhar

Gosto de caminhar!
Não gosto de correr, exceto no jogo da bola, porque gosto muito do jogo da bola e aí tenho de correr e tentar chegar primeiro que o outro para espetar um balázio na bola.
Caminho na minha cidade, caminho no meu bairro, caminho para Santiago, caminho para Fátima, caminho!
Desde que aprendi a caminhar que não tenho feito outra coisa!
Caminhar permite-me travar paulatinamente perante uma qualquer situação, circunstancia ou imagem, permite-me observar com mais nitidez o que se está a passar ou a também a caminhar.
O correr, além do ar ofegante e odores indesejados, obriga-me a travagens bruscas e quiçá perigosas, perante as tais situações, circunstancias ou imagens.
Mas caminhar é uma monotonia!
Aquilo é sempre a mesma coisa, um pé à frente do outro e assim sucessivamente... pela distância que me proponho efectuar. Mas é mesmo isso, um pé e depois o outro e depois o outro…, embora me leve aonde quero ir, é monótono.
Mas, (e aqui é que está o busílis da questão) é essa “monotonia”, um pé, e depois o outro…, feito de uma forma automática, sem pensar, que me liberta a mente para tudo o que quero da mente e de mim.
Esse processo de um pé a frente do outro permite-me pensar para a frente, pensar para trás, pensar para o lado, não pensar. Criar sonhos e ilusões e conversar com outros caminhares.

E acho isto fantástico! 

4 comentários:

paula disse...

houve um tempo em que o simples facto de conseguir caminhar, um passo a seguir ao outro, era uma grande vitória. e afinal de contas o que é a vida senão uma sucessão de passos?

meia bota, bota e meia disse...

muitas vitórias.

Gambuzina disse...

Colocaste por palavras bonitas exactamente o que penso - tirando o jogo da bola, que eu só corro atrás da bola se a bola for de Berlim!!!
Abraço para ti... E que continuemos caminhando, um passinho de cada vez, equilibrados no presente, com um pé no passado e outro no futuro.
E tockandar!!!

meia bota, bota e meia disse...

gambuzina, eu "sei" que assim és e vais continuar a ser. sabes, ler e observar o que se lê nas entrelinhas do que escreves dá para entender que...
sempre um pé à frente do outro.
obrigado pelo teu comentário.