Já aqui abordei os ditados populares (podem ver aqui).
Paralelamente
aos ditados há expressões populares que também funcionam para concluir ou
rematar um sentido, um raciocínio, ou reforçar uma ideia. Intriga-me de onde
aparecem estas expressões. Digo-as, utilizo-as, porque me foram transmitidas
oralmente na hierarquia familiar e no meio social.
Ao
desfolhar uma revista, daquelas boas para sanitar, acho que era a
nova gente, encontrei algo sobre isto.
Porque
dizemos coisas de um modo: “maria vai com as outras”, embora saibamos o sentido
e o enquadramento, porque será que a maria ia com as outras? Eram gajas?
Donzelas? E a maria era a “cabecilha”? Pois! A gente diz coisas um bocado como
a Maria. Vai com as outras!
Significados
e origem de algumas expressões populares:
“Erro Crasso”
-Eh
pá! Foscasse! Isso é um erro crasso!
Significa
um erro grosseiro. Quando um otário tem tudo para acertar e comete um erro
estúpido. Facilitismos.
Origem:
Na Roma Antiga havia o triunvirato, o poder era tripartido pelos generais. O
primeiro triunvirato era Caio júlio, Pompeu e Crasso que dividiam o poder. Ora
bem, foi dado a Crasso uma missão simples de atacar um povo quase inofensivo,
os Partos. O nosso homem achou que aquilo eram favas contadas, deixou as
estratégias de lado e pimba apanhou na tarraqueta.
Caso
para dizer: Oh Crasso, foi um erro crasso subestimar os pequenos.
“Lágrimas de Crocodilo”
- Não ligues, aquilo são lágrimas de crocodilo!
É um choro fingido.
Diz-se por exemplo de uma gaja que chora baba e ranho
depois de despachar o namorado.
Pois, tá bom de ver, despachou o moço, pôs-lhe os
patins, e fica naquele perfeito fingimento feminino, num pranto! Com sorte o
moço ainda lhe pede desculpa.
Origem: Isto já não tem nada a ver com Roma antiga agora
são os crocodilos que funcionam. Esta espécie quando ingere uma vítima, faz
forte pressão contra o céu-da-boca, comprimindo as glândulas lacrimais que faz
com que chore enquanto come a vítima. Como fez a gaja!
“Maria-vai-com-as-outras”
Diz-se dos bananas que dizem sim a tudo. Sim chefe!
Ok chefe! Graças a Deus chefe! Pronto, de malta sem opinião, submissa, uns…uns…totós!
A origem desta é monárquica.
A Dona Maria I, mãe de D. João VI, pifou e foi
afastada da governação. Os reis também pifam.
Passou a viver isolada e só era vista quando saia
para caminhar, escoltada por numerosas damas de companhia. Quando o povo via a
rainha naquele cortejo comentava: “Lá vai D. Maria, com as outras”.
Tão a ver, não é nada daquilo de gajas…, que não
fica bem falar aqui. Isto é um blog sério!
“ Vais pró maneta”
Diz-se quando um gajo vai pró maneta. Quer dizer,
morreu ou caiu em desgraça, ou desapareceu ou esfudicou-se.
Origem: Isto
veio de “Francia”. Estes gajos aquando das invasões cá pelo burgo trouxeram o
general Loison, que era maneta, responsável pelas torturas dos prisioneiros.
Então entre os militares portugueses era usual dizer-se: “ tem cuidado se não
vais pró maneta”.
“Ficar a ver
navios”
“Biste”? Ficaste a ver navios!
Diz-se por exemplo do moço que a gaja despachou a
chorar lágrimas de crocodilo. O moço ficou dececionado. A ver navios. Esta cena
vem dos alfacinhas que iam para o Alto de Santa Catarina, Lisboa, ver os
navios, à espera que chegasse, de Marrocos, o puto mimado de golinha larilas, D.
Sebastião. Alguns ainda lá estão á espera!
“Resvés Campo
de Ourique.”
Significa: Por um triz. Foi à justa. Também há quem
diga Foscasse baralho foi por um bocadinho! E o que é que isto tem a ver com Campo
de Ourique? Ah pois tem! No terramoto com tsunami incluído, em 1755, Lisboa, as
águas chegaram perto de Campo de Ourique, foi por um triz. Daí o resvés Campo
de Ourique.
“Mal e
porcamente.”
Significa que fizeste merda, e mal feita. Só que
isto não era assim, foi alterado. O original era “Mal e parcamente”, com poucos
recursos.
Só que o povo sabia lá o que era parcamente, vai
daí bota porcamente que é a mesma coisa e a malta entende.
“Fazer
Tijolo”
Era bom homem. Mas já tá a fazer tijolo!
Pois! “A Fazer tijolo”. Visto desta forma até
parece que do outro lado vai tudo para a indústria cerâmica. Não pensem nisso.
Esta expressão teve origem com o terramoto de 1755. Na reconstrução era preciso
argila, então os restos dos cemitérios árabes, tinham que ser dos mouros, foram
reutilizados, mas claro também vinham ossadas à mistura com a argila. Ficava
mais consistente deve ser daí que surgiu o betão armado.
"Ter ouvidos
de tisico"
Na II Guerra Mundial muitos militares sofreram de
uma doença chamada tisica, parecida com a tuberculose e que apura a sensibilidade
auditiva. Pronto é isto! Tavam tisicos tinham bom ouvido, mas não lhes adiantava
de muito, porque daí a fazerem tijolo era um tiro.
Calcanhar de
Aquiles
Significa: Ponto Fraco. Por exemplo ando á rasquinha
da vesícula, passo muito mal da vesícula! O meu calcanhar de Aquiles é a vesicula!
Isto vem, imagine-se, da mitologia Grega. Tétis, mãe
de Aquiles para o tornar indestrutível enfiou-o num lago mágico segurando-o pelo
calcanhar. Na guerra de Troia o Aquilzinho foi atingido no calcanhar, único sitio
que não teve água mágica.
O ponto fraco do Aquilzinho, tal como hoje, foi o
calcanhar de Aquiles.
As mães da maioria dos políticos também foram ao
lago mágico com os filhos, só que os seguraram pela cabeça!
"Fazer tábua rasa"
Quer dizer: Esquecer completamente o assunto.
O chefe dá uma ordem, um gajo só tem que fazer
tábua rasa. Tá resolvido, sem espinhas! Agora se o chefe solicitar algo, pronto
é um bocadinho diferente.
Os romanos seguidores de Aristóteles diziam que a
alma sem experiencia é como uma tábua rasa. A tábua rasa era uma pequena tábua
em cera sem nada escrito. Ponto, tá explicado.
Deve ser difícil encontrar uma chefia com alma! Se
a alma fosse uma folha de excel!
“Obras de Santa
Engrácia”
Significa interminável, sem fim.
A Santa não tem nada a ver com as obras. Em 1568 foi
fundada a Igreja de santa Engrácia. A Igreja ruiu em 1681, aqui o terramoto não
nada a ver com isto. A reconstrução demorou 350 anos. Desde 1916 é conhecido como
Panteão Nacional. Realmente 350 anos em reconstrução é mesmo para dizer parecem
as obras de santa Engrácia.
“Cai o Carmo
e a Trindade”
Ora aqui temos mais uma expressão terramotiana de
1755. Que significa desgraça, barulheira, confusão, surpresa.
Durante o terramoto ouviu-se um ganda estrondo por
toda a cidade de Lisboa. Quando descobriram a causa de tal barulheira disseram:
Caiu o Carmo e a Trindade. Ou seja ruíram os Conventos do Carmo e da Trindade. Estão
lá as ruínas. As que visito sempre que vou a Lisboa são as ruinas do concento da
Trindade. A cervejaria Trindade.
Verdade la
Palisse
É uma evidência tão evidente que se torna evidentemente
quase ridícula.
Jacques de Chabannes, senhor de La Palisse, outro
de “Francia”, era um militar com grande curriculum nos campos de batalha. Era
sempre a aviar. Na batalha de Pavia, tombou, caiu redondo. Morreu em pleno
combate. Os seus soldados, devido ao seu heroísmo, dedicaram-lhe uma canção com
os versos: “O senhor de La Palisse / Morreu em frente a Pavia / Momentos antes
da sua morte / Podem crer, inda vivia.” Bem, a rapaziada o que queria dizer é
que o homem lutou até ao fim. Mal sabiam eles que em Português isto é um truísmo.
Se calhar também foi daqui a origem do truísmo. Pronto mas o senhor de La
Palisse não tem nada a ver com a sua verdade. Foram os moços e de boa fé!
Saber é boommmm!
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