Caminho Primitivo - Lugo / Santiago e Caminho Finisterra 2012



O zé e o senhor Fernando nos caminhos de Santiago

Tinha tudo muito bem organizadinho para o meu caminho de Santiago.
Mas devido às forças das circunstâncias, e contra estas forças não há nada a fazer, até porque são das circunstâncias com pessoas, desorganizou-se tudo de tal forma, que fiz: - não um, - não dois, - mas três caminhos de Santiago.
Claro que não fiz birras! Nem amuei!

Um bocadito do caminho Português, de Tui a Pontevedra. Um bocadito do caminho Primitivo, de Lugo a Santiago. E o caminho do sol, de Santiago a Finisterra.
Embora não tendo previsto um caminho assim, aos retalhos, estes, todos juntinhos, deram uma magnifica manta colorida que me preencheu.


Caminhei com o agregado familiar e a menina, cada um no seu retalho! Caminhei com amigos antiquíssimos! Angariei amigos e amigas novinhos(as) em folha! Caminhei sozinho com outros “sozinhos”!
Nesta manta de caminhos veio-me à memória coisas do senhor Fernando, o Pessoa.

Na construção do meu destino, o senhor Fernando, o Pessoa, tem sido um bom auxiliar!… Modéstia á parte, acho que tenho algumas características dele!... Fumo. Gosto de “tertuliar”. Gosto de estar só. Aprecio o néctar tinto. Tenho óculos redondos. Já tive um fato e uma gravata.
E tento articular pensamentos com letras e caneta.
Pronto! Não como ele! Oquei! Mas que diacho ele não fazia aquilo sozinho, tinha uma catrefada de gente a coadjuva-lo. Além da inspiração providencial do Abel Pereira da Fonseca, eles eram: o Reis, o Caeiro, o Campos, o Soares e outros…
Eu não! Estou sozinho com as minhas felicidades, ignorâncias, limitações e humildades!

Esta pretensão de me por em bicos de pés, não é para ser alguém, mas para enxergar mais além, e tem a ver com amizade que me une a ele, porque…, como diz Eduardo Prado Coelho: “Tornamo-nos amigos de pessoas que não conhecemos, porque um dia descobrimos um livro delas.”
Não descobri um livro, mas uma biblioteca de coisas com letras, riscos e rabiscos, de que me apoderei!
Fruto desta amizade sinto-me à vontade para alterar umas coisitas literárias do senhor Fernando, aliás do senhor Caeiro, que exprimem, corretamente, a minha experimentação dos caminhos de Santiago e entendo ser o meu caminho, lá ou aqui, com ou sem retalhos.

A espantosa realidade das pessoas,
É a minha descoberta de todos os dias. (quase todos, às vezes não há pachorra)
Cada pessoa é o que é,
E é fácil explicar a alguém quanto isso me alegra. (ou não)
E quanto isso me basta.
… ...

Assim os caminhos, de Santiago ou outros, inteiros ou aos retalhos, têm outro encanto e outro fim, que vai para lá de uma aventura pedestre, de um deslocamento geográfico, ou mesmo de um ato de fé.
Pois é, e isto é tudo muito lindo, e muito fofo, mas se não houver uns brancos, uns tintos, umas cañas e umas tapas, lá se vão as pessoas,  e as filosofias espirituais.
Estou em crer que muito que o amigo Pessoa deixou escrito, tem a ver com o Abel Pereira da Fonseca. Nááá! Aquilo que escreveu não é coisa de um “gajo” que só bebia gasosas! Pirolitos!
Vamos então às pessoas e aos retalhos...

O clã
Foi particularmente porreiro e de “gozo” pessoal, sem qualquer imposição ou motivação, até porque cada pessoa é o que é, ter partilhado o caminho, a pé, com a maralha cá de casa. Quem diria, os cônjuges, sôr josé e d. emilia, os descendentes,  mano xico e o mano filipe,  e a menina raquel, cada um no seu retalho, com as suas rabugices, mazelas e maleitas, todos nos caminhos de Santiago. Sim senhor!

Uma manta colorida de pessoas
Encontramos pessoas que nunca vimos, e que nos parecem conhecidas desde sempre… Familiares! Fazem parte de nós! Há uma cumplicidade humanista intrínseca no caminho, fácil de entender, para quem lá vai!...
Pessoas de que gosto e que me gostam, e pessoas “familiares”…


xico lena eu filipe raquel neca joão paulo  pituxa alex jorge  cajó emanuela mónica  velhos irlandeses  canadiano espanhola do ipod carla holandeses benu espanhol do jantar  ana alemães  italiano do vinho branco ana chorão portugueses da covilhã cubano portugueses da Murtosa padres americanos… e outras…

Pausas dos caminhos
As pausas, além de pausas, incluíam brindes, conversas fresquinhas, tapas… e pessoas.

Da parreirinha a “Pontebedra”
À sombra da parreirinha pausa para bitoque com brindes brancos fresquinhos e retratos!
Em “Pontebedra”,  “combibio” de feijoada, “dibertido”, profundo e relaxante.
Mais tarde passou a laxante. Perfeito!



“Conta-me como foi” (programa televisão que retratava os anos 60 e 70)
Perfeito também foi a casa do algarve, como disse o Filipe, em Lugo. Parecia o “ Conta-me como foi”, referiu o Alex.
À mesa, além de mais uma feijoada, para variar, tivemos as imagens orais das aventuras pedestres, paisagísticas e sociais do caminho primitivo, desde Oviedo, partilhadas e relatadas nas primeiras pessoas do Cajó, Alex e Benu. Pelas imagens é muito bom!
Fim do feijão e das aventuras primitivas, tudo a assistir á abertura dos jogos olímpicos, de Londres, malhar uns digestivos e fumar uma cigarraaaaaaada, na sala.
Fumar na sala! Há quantos anos! Um luxo! Não fumámos nos quartos porque não tinham cinzeiro! Tal e qual os anos… 60 e 70. Soberbo!
Já sei que não é correto fumar…, bla…bla..bla… mas valeu pela nostalgia!

A Investidura do xerife de Tenerife
Com o excesso de trabalho e cansaço, muiiiito cansaço, o xerife de Compostela, Dom João Paulo d’Abeiro, delegou competências para a zona de Tenerife, só para Tenerife, a Dom Orge (não dizem o J não vale a pena escrevê-lo) de Tenerife. Investido na catedral de Santiago, pela Ordem dos Templários Primitivos, com olhar atento de Dom João Paulo d'Abeiro.


A bibliotaberna de finisterra

E, não a cereja no topo do bolo, mas o xote no topo da lua na bibliotaberna.
Isso mesmo “bibliotaberna”! Um bar “vintage”, em Finisterra, de nome “Galería”, situado na rua do albergue municipal.
Em galego, italiano e português, (en)xotámos o passado e renovados, abraçamos o(s) presente(s).

A bibliotaberna passou a fazer parte integral do meu ritual do peregrino em Finisterra. Eram 3 passou a 4:
Mergulhar no atlântico.
Queimar as roupas.
Ver o por do sol.
(En)xotar o passado, na Galeria.


um filme de pintar a manta!


... bom caminho!

Sem comentários: