Irena Sendler

Irena Sendler - 15 Fev 1910 - 12 Mai 2008
"O Anjo do Gueto de Varsóvia"
A Mãe das crianças do Holocausto.
A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade. - Irena Sendler


Em 1942, os nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus, Zegota.

"Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse uma epidemia de tifo , permitiam que os polacos controlassem o recinto." Irena Sendler"
Ao longo de um ano e meio conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulancias como vítimas de tifo, mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batatas, caixões... nas suas mãos qualquer elemento transformava-se numa via de fuga. Concebeu um arquivo no qual registava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades.

Em 20 de Outubro de 1943 foi presa pela Gestapo e torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu aoPapa João Paulo II

Foi condenada à morte. Enquanto esperava pela execução, um soldado alemão levou-a para um "interrogatório adicional". Ao sair, gritou-lhe em polaco "Corra!". No dia seguinte Irena encontrou o seu nome na lista de polacos executados.

Em 1944, durante o levantamento de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os e entregou as notas ao doutor Adolfo Berman, o primeiro presidente do comité de salvação dos judeus sobreviventes. A maior parte das famílias das crianças tinha sido mortas nos campos de exterminio nazis.
As crianças só conheciam Irena pelo seu nome de código "Jolanta". Mas anos depois, quando a sua fotografia saiu num jornal depois de ser premiada pelas suas acções humanitárias durante a guerra, um homem chamou-a por telefone e disse-lhe: "Lembro-me da sua cara. Foi você quem me tirou do gueto." E assim começou a receber muitas chamadas e reconhecimentos públicos. Em Novembro de 2003 foi-lhe concedida a mais alta distinção civil da Polónia: a Ordem da Águia Branca. Irena foi acompanhada pelos seus familiares e por Elżbieta Ficowska, uma das crianças que salvou, que recordava como "a menina da colher de prata".

Proposta para o Nobel da Paz…ganhou o Al Gore.

1 comentário:

Alírio Camposana disse...

Vou-te contar um história verídica:

Uma vez, estava a tomar café no Museu Anne Frank em Amesterdão, quando fui abordado por uma senhora de bengala que, em inglês, me perguntou se se podia sentar na minha mesa já que não havia lugares vagos.

Assenti de imediato ao pedido e conversámos. Contou-me, após uma afável troca de impressões acerca do estado actual da cidade, que se lembrava muito bem da presença dos alemães em Amesterdão. Era pequena, mas lembrava-se como se fosse hoje!

Continuou tomando o seu chá e lá foi fazendo perguntas sobre mim, sobre o meu país, e foi-me contando coisas desses tempos, a propósito de uma observação que fiz acerca da casa de Anne Frank, particularmente, acerca de uns estores quebra luz, com tropas alemãs e viaturas que, a quem olhava para a rua, provocavam uma estranha sensação de realidade.

Escusado será dizer que guardo essa recordação, forte, na minha memória e interrogo-me acerca destas pequenas coisas, destes acontecimentos que, indelevelmente, nos marcam para sempre.

Um abraço!