Os peregrinos “originais” vão normalmente
a pé, como viajantes, ou estrangeiros que, efetuam um deslocamento geográfico, para um lugar de culto, com fé,
devoção, e com o estritamente necessário.
São calmos, serenos, simpáticos e
tranquilos. Caminham com poucas paragens e bebem muita água. São muito
organizados chegam cedo aos albergues e cedo saem dos albergues.
Depois há outros, que são quase como
os “originais” mas com alguns retoques.
Há uns que com uma fé inabalável no
ditado: “Com pão e vinho se faz o caminho”, são tão rigorosos que levam pouco
pão, param em “templos” do santo Arnaldo e, sentem o efeito dos templos do Arnaldo e do
caminho com sinais visíveis de muita paz, solidariedade, partilha, conversa, risos,
humor e com uma vontade enorme em chegar ao albergue seguinte. Andam assim
meios empenados com o peso das mochilas, e não é do pão que levam, mas aguentam-se. No final
de uma oração batem palmas e brindam..
Outros vão de bicicleta. Passam
pelos anteriores e fazem triimmmm…trimmmm… - “Hola! Bon camiño! E toca a dar ao
pedal na gaspia. Vão em duas rodinhas com bandeirinhas no guiador e no selim,
fatinhos justinhos e coloridos, de licra, oculozinhos anti mosquitos e uns
bidonzinhos pá água. E veem-se da cor d’abelha pa subir a Labruja.
Chegam a Santiago em pelotão e
todos com o mesmo tempo.
É fé e devoção sobre rodas com
trimmmmm….trimmmmmm…
E há ainda os que vão a cavalo. Não
percebo muito bem quem faz a peregrinação, se o cavalo, se o senhor com tiques
da idade média, ou o empregado que leva a palha! Adiante, é o caminho deles!
Andou o Abraão, pai disto tudo, em
esforço e devoção, a pé e de sandálias, (pronto tinha carroças como apoio,
também eram muitos…), a mostrar o caminho, e agora vimos nós, tipo “seitas peregrinas
turísticas”, de tintos e cañas, de cavalos, e de rodinhas a fazerem trimmmmm…
trimmmm…!
Mas quando chegamos àquela praça mítica,
o Obradoiro, cheiinha de afetos e emoções, não faz diferença alguma se chegamos
de charrete, de burro, a pé, calçado, descalço, de licra, de cavalo, de
lambreta, de bicla, a pão e água, com tintos ou sem tintos, aos pinotes, ou com
ferraduras!...
Chegamos com os motivos de cada um!
Eu chego moderadamente tarde aos
albergues, quero ver tudo com muita atenção e nunca fui de bicla, nem a cavalo!
O caminho, além do caminho, são pessoas
e um Abraço do outro mundo.
abraço, zé
Sem comentários:
Enviar um comentário