Os ditados populares são assim como o remate final para concluir um
raciocínio, ou para explicar de uma forma rápida o conteúdo de algo que
demoraria mais tempo a descrever. Além da transmissão do saber, oral e temporal,
são expressões que traduzem de uma forma simples, prática e entendível o que
foi observado. Fazem parte da identidade e cultura intrínseca a um meio social
e da vivência do homem no meio.
São expressões populares imutáveis, com dizeres de conteúdo moral,
filosófico, religioso, da natureza e outros.
Gosto de ditados populares.
Embora alguns ditados me irritem por não os conseguir esmiuçar, por “não
bater a bota com a perdigota”, procuro destrinça-los para ver o sentido da
coisa.
E vem isto tudo “a talho de foice”, porque recebi um e-mail, e como “a
cavalo dado não se olha o dente”, achei-o interessante porque ajuda a destrinçar
alguns ditados populares.
Vejamos
então:
Primeiro
ditado a destrinçar:
“O miúdo não para quieto, parece que tem bichos
carpinteiros.”
Bichos
carpinteiros! Podiam ser bichos sapateiros, ou pedreiros. Mas não, são
carpinteiros! Como que se os carpinteiros fosses uns bichos muito nervosos e irrequietos.
Ora o
ditado correto é:
“O miúdo não
para quieto, parece que tem bichos no corpo inteiro.”
Hamm assim tá bem! A malta com o tempo, e “quem conta um conto
acrescenta-lhe um ponto”, aligeirou a coisa. Ditado que também se pode aplicar
a adultos. Conheço alguns que depois de saírem das carpintarias da noite também
têm bichos no corpo inteiro!
E este muito conhecido:
“Cor de burro
quando foge.”
Este ditado sempre me intrigou. Só se fosse malhado, não de cores, mas de
porrada. Mas se formos pelo que será o correto já faz sentido.
“Corro de burro
quando foge”.
Quer dizer é melhor um gajo pôr-se a milhas, para não mudar de cor, caso
encontre um burro a fugir. Parece que o animal fica alterado e nervoso, mas não
altera a cor.
Este é simples, não tem nada que saber.
“Quem tem boca
vai a Roma”
Ora tá na cara que o sentido é de quem consegue comunicar vai a qualquer
lugar, como a menina do GPS. Pois é, mas pelos vistos não é nada disso.
O correto é:
“Quem tem boca
vaia Roma” Sim sim, do verbo vaiar.
Os impérios começaram a cair, os imperadores a tropeçarem e a fazerem
bosta, a romanada não gostou e começou a vaiar.
Mas gosto mais do sentido do incorreto. É vigoroso, determinado, não há
obstáculos, quem tem boca vai onde quer. Eu continuo com o incorreto.
E por último desta cena temos:
“Quem não tem
cão, caça com gato”.
Acho que todos entendemos. Há que improvisar, inventar desenrascar. Mas agora
pensem lá um bocadinho, acham que o gato se punha a jeito para substituir o
cão? Olha quem, um independente, solitário, malandro, dado à boa vida e às
sestas. Acham?
O correto é:
“Quem não tem
cão caça como gato”
Assim tá bem, ou amocha sozinho ou compra um cão.
Pronto aprendemos alguma coisa. Estou em crer que vamos continuar a utilizar
os incorretos, já estamos habituados e sabemos utilizá-los na hora e no
contexto.
Substitui-los agora era uma grande trabalheira.
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