Nasce o
primeiro filho
O pai apanha
um ganda pifo!
Telefona aos
avôs, aos tios, aos primos, aos irmãos, aos cunhados, aos amigos, aos vizinhos
e vai tudo de enxurrada pá visita! Espetáculo!
- Oh! Tão lindo
é mesmo parecido com a mãe!
- Eu acho
mais parecido com o pai, e tem parecenças com a tia que está no Luxemburgo!
- Ai, ele é
todo ao lado deles! Mas o que interessa é que é perfeitinho!
O menino
respirou mais fundo ou fez harrrmmm, é porque não está bem. Liga-se ao pediatra
ou vai tudo com armas e bagagem pás as urgências do hospital.
No primeiro
antibiótico é tudo medido religiosamente, ao milímetro, tracinho a tracinho, à
hora certinha e nem mais um tracinho nem mais um minutinho, tudo de acordo com
a orientação pediatral!
A
alimentação é sagrada e orientada pelo papelinho colado no frigorífico. Tudo de
acordo com as normas do sô doutor pediatra!
No trabalho
da mãe, depois de ter corrido as chafaricas todas a mostrar o rebento às
colegas, e ouvir os elogios chapa 5, vem a conversinha maternal:
- Já vi
muitos bebés, mas como este, não é por ser meu filho, mas é tão esperto!...
- Olha, já
faz isto, já faz aquilo, já diz isto, já diz aquilo…
- É de uma
esperteza! A quem é que ele sairá? E ninguém lhe ensinou, aquilo é mesmo dele.
- Olha?
Ontem…bla…bla…bla…
E quando há
outra mãe recente, ui. O que um faz, o outro faz a dobrar!
Nasce o
segundo filho
O pai apanha
outro pifo.
Telefona aos
avós, já tarde, a informar do nascimento do neto, e que é melhor depois irem lá a casa, porque a
mãe tá cansada…
Regista-se
no “livrinho do bebé” a primeira e a segunda página, poderá ir à terceira, o
resto, já era!
O bébe fez
harrrmm. Deixa “tar”, tá na vida dele. Tem que se habituar. Não lhe dês confia!
É só manha!
O bebé
gemeu, chorou, está encólicado, nada que um benurom não ajude a acalmar e
amanhã logo se vê!
O
antibiótico é a olho, mais traço, menos traço, mais hora, menos à hora, não faz
diferença!
A
alimentação, mais coisa menos coisa, é
quase como o doutor disse.
No trabalho
da mãe. - Este é mais torcido que o irmão!
Primeiro
deviam nascer os segundos!
E o que há
em comum no nascimento do primeiro e segundo filho, é o pifo do pai.
1 comentário:
Nunca vi texto que retratasse tão bem a realidade (pelo menos a minha).
Parabéns Sr. José
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