Situado em frente à pastelaria Peixinho, na “Costeira”, por baixo da Praça da República, em Aveiro, há um WC publico. Como, certamente, também os há em outras cidades.
Nos meus tempos em que ia estudando, este WC publico tinha lá um senhor, também público, porque era funcionário da câmara municipal, devidamente fardado com boné e tudo. Daqueles bonés, tipo motorista publico.
Hoje, com a exigência produtiva e cumprimento do SIADAP (Processo de avaliação da função pública) a sua avaliação e progressão na carreira seria, além de outros parâmetros, pelo nº de Kgs de merda entrados no WC publico. Caso atingisse os objectivos, poderia chegar ao topo da carreira como, por exemplo, Técnico Especialista dos Lavabos, Mijabos e Cagabos, Públicos. No WC feminino como não tinha urinóis era outra carrreira profissional. É o que se pode chamar uma carreira e um trabalho de merda.
Quando alguém entrava, caso o destino fosse a sanita, passava pelo senhor funcionário e pedia papel. Este, com mestria, pegava no rolo dava 3 a 4 voltas sobre a mão e aí está a ração para limpar o rabo. Meia volta volta e meia espreitava por baixo das portas das sanitas, não fosse alguma estar sem produzir, micava os urinóis e regressava ao lugar. Mas tudo limpinho e personalizado.
Com as modernices e a globalização substituíram estes zelosos trabalhadores por uma moeda de 50 cêntimos, e já vi por aí umas latrinas ambulantes que para usar á que pagar. O que está a dar é o negócio da merda.
Para além do WC camarário, também frequentei, com bons resultados, os WC's públicos do sector privado, nos cafés: Trianon (já não existe). Ria (existe, mas não existe), Palácio (existe), Tangará (existe, mas não existe), Convivio (existe). Uma caracteristica comum é que quase nunca tinham papel, nem jornal, portanto uma folha dos cadernos escolares, amarrotada para ficar mais macia era uma solução. Nestes WCs, assim como em outros, a parte interior da porta que dava acesso à sanita era um autentico jornal de Parede ou melhor Jornal da Cagadeira.
A literatura da Cagadeira
Com as modernices e a globalização substituíram estes zelosos trabalhadores por uma moeda de 50 cêntimos, e já vi por aí umas latrinas ambulantes que para usar á que pagar. O que está a dar é o negócio da merda.
Para além do WC camarário, também frequentei, com bons resultados, os WC's públicos do sector privado, nos cafés: Trianon (já não existe). Ria (existe, mas não existe), Palácio (existe), Tangará (existe, mas não existe), Convivio (existe). Uma caracteristica comum é que quase nunca tinham papel, nem jornal, portanto uma folha dos cadernos escolares, amarrotada para ficar mais macia era uma solução. Nestes WCs, assim como em outros, a parte interior da porta que dava acesso à sanita era um autentico jornal de Parede ou melhor Jornal da Cagadeira.
A literatura da Cagadeira
Ali, quer se goste ou não, escondido na mais perfeita liberdade o cidadão comum, sem medos, repressões ou contradições, livremente emitia o que lhe ia no pensamento. Desses tempos e dessas portas recordo-me de algumas quadras, frases e ditos que ficaram em memória. Alguns são impróprios para consumo mas outras são engraçadas. Sobre este assunto podem consultar o livro "Guardador de Retretes" do Pedro Barbosa.
Naquela porta o poeta da cagadeira manifestava - se, sobre o conteudo do local, criticas a poetas concorrentes, o amor (ou ausencia deste), a liberdade de opinião, a luta politica e reivindicação de espaço. Alguns registos do tempo em que ia ao WC publico, do sector privado:
Se entra pensativo e doente / Se sai ligeiro e contente.
Naquela porta o poeta da cagadeira manifestava - se, sobre o conteudo do local, criticas a poetas concorrentes, o amor (ou ausencia deste), a liberdade de opinião, a luta politica e reivindicação de espaço. Alguns registos do tempo em que ia ao WC publico, do sector privado:
Se entra pensativo e doente / Se sai ligeiro e contente.
Neste lugar solitário, / Onde vaidade se acaba. / Todo o cobarde faz força, / Todo o valente se caga.
Ès o poeta da merda / E da merda foste feito / Escolhe outra profissão / Que para rima não tens jeito
A Cagar fiz um cigarro / A cagar o acendi /A cagar o fumei / A fumar caguei para ti
Puxei pelo autoclismo / O cagalhão estremeceu / Deu duas voltas de triste / Disse-me adeus e desceu.
- Amar sem ser amado é como limpar o cu sem ter cagado
- Amo o perfume do teu suor. Que outra prova de amor queres?
- Ele o seu nível. Cagando de Pé
- O peido é o grito de liberdade da merda oprimida
- Abaixo o Tio Patinhas que é capitalista.
- O voto é a arma do povo. O povo vota e fica desarmado
- Abaixo a foice e o martelo.Viva o Black & Decker
Escreve camarada, escreve / Nesta porta tão lisa / Que ainda é a única / Que a censura não visa.
É favor pintarem a porta de novo. Já não tenho onde escrever. Obrigado.
2 comentários:
Um bom artigo sobre MERDA. E a merda do SIADAP???
Emilia
MUITO BEM...MUITO BOM MESMO...
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