Caminho Finisterra (caminho do Sol)


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A ideia da peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, já estava presente nas crenças dos povos Celtas, que situavam “el Más Allá” (vida depois da morte) em uma ilha do ocidente.
Mas já muito antes da data apontada pela igreja para a descoberta da tumba do Apóstolo, existia uma rota de peregrinação (romana e anteriormente celta), que ia do extremo Este ao Oeste de Espanha, até Finisterra. Este velho caminho de peregrinação, simbolizava a viagem do sol de Oriente para Ocidente, “afogando-se” no oceano para voltar a surgir no dia seguinte. O renascer do Sol estaria intimamente ligado com o renascer da vida. Hoje em dia são muitos os peregrinos que chegando a Santiago resolvem continuar o Caminho até Finisterra, Fim da Terra e Fim do Caminho de Santiago.

Quando nos princípios do século IX, se descobriu o sepulcro do Apostolo Santiago, a Igreja Católica deu um sentido cristão a estas velhas ideias de peregrinação, orientando para Compostela, cidade que se converteu num grande foco de atracção durante toda a Idade Média.

Finisterra

Finisterra vem do latim “finis terrae”, fim da terra; e fim também do Caminho de Santiago. Desde a antiguidade que as pessoas queriam chegar ao fim do mundo, onde a terra acaba e o mar começa ou pelo menos assim o consideravam as legiões romanas ao contemplar o "afundamento" do sol nas aguas.
Antigos geógrafos grecorromanos encontraram aquí o Promontorium Nerium e o Ara Solis, o altar de culto ao sol, construído pelos fenicios e que o mesmo Apóstolo Santiago o destruíu em pouco tempo.

Lendas

A estreita relação de Fisterra com o culto jacobeo foi a que estabeleceu que o Caminho de Fisterra fosse uma das primeiras rotas que pisaram os peregrinos. Tanto é assim que já no Séc. XI aparece citada a cidade de Duio no Códex Calixtinus ( Libro III). Segundo testemunhos antigos, en Fisterra existiu uma velha cidade pagã, Dugium (hoje Duio), por onde passaram os restos do Apóstolo a fim de serem enterrados nos confíns do Ocidente.
Os discípulos do apostolo solicitaram permissão á raínha da região, de nome Lupa; que os remeteu ao governador de Dugium, que ordena que se lhes prepare uma emboscada para os matar, descoberto o plano conseguem fugir com o corpo do apostolo.
 
A antiguidade desta rota comprova-se em documentos de 1119 nos que se cita a preocupação do Rei Alfonso VII e o Abade de San Xulián de Moraime por dar hospedagem aos peregrinos que chegavam á zona.
Em 1355 o peregrino Jorge Grisaphan descreve no seu diario a peregrinação a Fisterra. Em 1465 León de Rosmithal, 1462 Sebaldo Rieter, en 1581, Erich Lassota, 1583 Julián Iñiguez de Medrano, todos eles narram as suas peregrinações ao fim da terra.
Graças aos costumes dos peregrinos de chegar ao Fim do Caminho e cumprir os rituais de:
Tomar banho na prai da Langosteira
Queimar as roupas utilizadas durante a viagem
Ver o por do sol,
São testemunhos das peregrinações dos caminhantes da Idade Média, que comprovam a antiguidade da rota a Fisterra e o seu interesse pela história e as suas lendas.


O Caminho a Fisterra, é o único dos Caminhos que não tem a sua meta en Santiago, mas sim a sua origem. Na actualidade, a prolongação do Caminho até à Costa da Morte é um ritual que seguem muitos peregrinos, que desejam chegar até ao Fim da Terra, contemplar o caminho e conhecer algumas das paisagens mais impressionantes da costa europeia ocidental.

A singularidade de Finisterra surge das muitas lendas que envolvem estas terras, e nas que se entrelaçam temas religiosos, marítimos e outros. Entre elas destacam-se a do Ara Solis, Ermida de San Guillermo, Orca Vella, Pedras Santas, Santo Cristo de Fisterra e a Cidade de Dugium entre outras.
Ara Solis
Conta a tradição que os romanos encontraram no lugar um altar ao sol (Ara Solis) construído aí pelos fenicios e que o Apóstolo Santiago mandaría destruír. A memoria deste altar aínda perdura nas lendas fisterranas e no nome da praça mais típica da antiga vila. Tambem se diz que o cálice e a hostia do escudo da Galiza representam o Santo Graal, vem da cristianização do altar pagão, no que o cálice simbolizaría o horizonte do mar, e a hostia, o sol no seu ocaso. Uma rocha em forma de mesa quadrada metida uns metros no mar, na ponta do cabo, recebe tambem o nome de Ara Solis, talvez por ser parecida com a mesa de um altar.
Santo Cristo
A partir do Sec XIV, conta a lenda que os pescadores da zona viram um barco em dificuldades no meio de uma tempestade sem poder avançar, como se estivesse ancorado. Observaram que dentro da embarcação atiraram uma caixa ao mer e que o barco consegiui sair e seguir viagem. Uma vez que a caixa chegou a terra, os marinheiros abríram-na e descubriram a imagem do Santo Cristo, imagem atribuída a Nicodemus, considerando que a sua vontade era vir para estas terras.
Desde esse momento, despertou grande devoção e fama em toda a região por fieis que visitavam o Santo Cristo e com mais intensidade na Semana Santa. Esta imagem é de um impresionante realismo, destacando a sua profunda humanização: é de tamanho natural, diz-se que as unhas são de um homem, que emite suores de morte e que lle cresce o pelo e as unhas.
Na Semana Santa festeja-se a festa de Santo Cristo de Finisterra (Festa de Interesse Turístico Nacional), centrada não na Paixão e Morte, mas sim na Ressurreição de Cristo. Cristo é assim como o sol, que se perde no oceano insondável da morte e ressuscita das trevas.


Visitar Finisterra significa chegar ao fim de um velho caminho de peregrinação pelas terras mais ocidentais da Europa, seguido por milhares de pessoas ao largo de muitos anos, para encontrar-se com o renascer da vida, com velhos cultos pagãos e os elementos da natureza, que aqui se manifestam com todo o seu esplendor: a água, o sol e as pedras; que cristianizada mais tarde, deram, origem a concorridos santuários como o da Virgem da Barca e o Cristo de Finisterra, ambos relacionados com a Rota Jacobea.



Cabo Finisterra
Muxia

Muxia está ligada ao apostolo segundo o relato, provavelmente elaborado no velhinho mosteiro de Moraime, que situa a aparição milagrosa de Maria a Santiago, no lugar de Muxía, para conforta-lo quando este pregava sem muito êxito entre os gentios. Assim a Virgem não fez a travessia de qualquer jeito, senão numa barca de pedra e que permanece no lugar o casco, a vela e mailo timón. Neste lugar foi levantada uma ermida, no século XVIII transformada em santuário da Nossa Senhora da Barca. Há uma grande romaria nos primeiros dias de Setembro ao santuário da Senhora da Barca.

Muxia
Fontes:
Portal do peregrino
Concellofisterra

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