Facebook

A Maria convida o Manel para amigo, este fica como um sapo, todo inchado, porque o seu nome tá numa rede social à escala global e todo lampeiro confirma: Ok, sou teu amigo!...

Não a conhece, mas são amigos. Trocam-se uns bitaites, mais umas conversas xpto e a coisa tásse a compor…e então se a foto for das boas…ui… vai ser uma amizade altamente… Depois as amigas da Maria também querem ser amigas do Manel, porque este é amigo da Maria… e o como “amigo do meu amigo, meu amigo é”, bota a moer, siga pa bingo…
O Manel, que andava deprimido, com crises existenciais e com caganeira, agora sente-se outro, farta-se de falar a escrever, e pensa: Se com uma amiga é assim o que será com muitas?...
Espeta-se em frente ao facebook, vai à exposição das fotos da rapaziada: em pose, com decotes, sem decotes, a três quartos, de costas, de perfil, a fazer o pino, a rir, com ar de sonsas e pronto, tipo escolha por catálogo, selecciona o que entende, convida e, “voilá”, mais uma pipa d’amigas e um amigo para equilibrar a contenda. Num instantinho, sem sair de casa, o Manel tá cheinho de amigos com que fala a escrever.
De vez em quando lá tem uma saída real, mas a coisa não corre como esperava: -No facebook és diferente, pareces outra!!.... - Claro a foto é de uma amiga…ops…
E quando os amigos e amigas se conhecem desde infância ou da escola, portanto já são amigos há muito tempo e convidam-se para uma relação de amizade na rede social virtual. Esta é demais!!!... A sério, deve haver aqui qualquer coisa que me escapa…então os amigos que estão com os amigos no dia à dia e na borga da noite, convidam-se para serem amigos na net?
Mas tem mais, se um gajo não aceita o convite para ser amigo de quem já é amigo, tem fortes possibilidades de deixar de ser amigo…ehhehehehh…espectáculo…
Embora com algum exagero na análise às correntes sociais virtuais, reconheço alguns aspectos positivos destas. Mas vem-me á memória, as pequenas redes sociais de outros tempos, as tabernas, as tascas, as adegas, os cafés e as barbearias, dos sítios onde cresci e vivi, e das que ainda resistem aos tempos globais mantendo sua actividade comercial e social.
À escala local, estes estabelecimentos eram um autêntico facebook personalizado, directo, d’olhos nos olhos, tinto no tinto, branco no branco e sem fotografias decotadas (excepto os calendários de parede) que nos distraísse a conversa ou os jogos sociais da taberna…
E pronto. Agora tou com pressa. Tenho que ir ao facebook… confirmar umas gajas…


2 comentários:

Narizinho Lunático disse...

:)

É verdade... Com a era da virtualidade, a realidade começa a estar em vias de extinção... Fazem-se amizades pelas redes sociais, mas por detrás do monitor, encontramos (na maioria das vezes) pessoas solitárias, sem qualquer rede de apoio (ou muito frágil). E essa rede (a real, a dos amigos de infância, dos vizinhos, dos compinchas das saídas, etc) é que realmente importa. O virtual é giro. É engraçado. É divertido. Mas não bate a emoção de um sorriso, um olhar, um beijo, real. :) Bjs

Isabel disse...

...o teu Facebook é que está fixe!!!