Para se compreender a origem e a importância do Ano Santo, é preciso conhecer o contexto histórico e religioso dentro do qual ele nasceu. Foi no ambiente cultural e social da Idade Média Europeia, sob a omnipresente influência da Igreja, a consciência do pecado e a necessidade de libertar-se da sua culpa, eram sentimentos bem mais concretos e mais importantes na mente da população do que são hoje.
E, possívelmente, também baseado no Ano Sabático do Judaismo em que o Ano Jubilar era o último Ano Sabático, de uma série de 7x7 Anos Sabáticos, e o seu objectivo era dar liberdade a todas as pessoas e coisas do país. O israelita escravo teria direito à libertação...
Na época medieval a Igreja concedia indulgência, isto é, o perdão dos pecados, em algumas situações, tais como:
- Os fiéis que participavam nas Cruzadas.
- Os que ajudavam a construir um templo.
- As pessoas que peregrinavam a um santuário (a pé ou a cavalo) para prestar culto às relíquias de um santo.
- Havia algumas bulas papais que davam permissão a que pessoas de classes mais altas enviassem alguém para peregrinar em seu lugar. Obtinham assim o perdão "por procuração", sem precisar realizar pessoalmente a caminhada.
O papa Calixto II elevou a cidade de Santiago de Compostela à dignidade metropolitana (sede de um arcebispado) e, em 1119, concedeu à Catedral de Santiago o privilégio do Jubileu Pleníssimo ou Ano Jubilar, mais conhecido como Ano Santo. Isto significa que o peregrino que caminhar a Santiago durante um ano decretado como Santo, terá todos os seus pecados perdoados. Calixto II tinha importantes vínculos com a Espanha: era cunhado de Dona Urraca, influente e poderosa rainha de León e Castela. Ela era filha do rei Alfonso VI, e mãe do rei Alfonso VII, dois monarcas espanhóis que muito apoio deram às peregrinações a Compostela.
Além de conceder o Jubileu, o papa declarou a Peregrinação a Compostela como uma das chamadas peregrinações maiores, juntamente com as de Roma e Jerusalém (cujos peregrinos eram chamados respectivamente de romeiros e palmeiros). O primeiro Ano Santo, no qual foi dado o perdão aos peregrinos de Compostela, foi o ano 1126.
O Papa Alexandre III em 1179, decretou perpétuo o Jubileu de Santiago de Compostela. Seu objectivo foi prestigiar o santuário e proporcionar aos fiéis peregrinos um meio de obter o perdão de seus pecados.
Em 1332 o papa João XXII, em Avignon, editou uma bula concedendo indulgência também às pessoas que ajudassem os peregrinos compostelanos com hospedagens ou com esmolas.
É considerado Ano Santo Compostelano todo aquele em que o dia 25 de Julho, dia do martírio de São Tiago, coincidir com o Domingo.
Além destes, em ocasiões especiais, pode ser declarado um Ano Santo Compostelano extra, como já ocorreu, por exemplo, em 1885 e em 1938. O Ano Santo Compostelano, portanto, não só é frequente, como é mais antigo que o conhecido Ano Santo Romano, que foi decretado pela primeira vez no ano 1300. Tradicionalmente, durante o Ano Santo Romano estão suspensas todas as outras indulgências não ligadas directamente à cidade de Roma. Porém, pela sua importância, a única indulgência que jamais é suspensa é aquela relacionada à peregrinação a Santiago de Compostela.
Próximos Anos Santos Compostelano: 2004, 2010, 2021, 2027, 2032, 2038, 2049, 2055, 2060, 2066, 2077, 2083, 2088, 2094… ...Encomendo os frutos deste ano Jacobeu a Nossa Senhora do Céu, que acompanhará aos peregrinos em seu itinerário penitencial e lhes acolherá sorridente a sua chegada ao Pórtico da Glória. Que com sua ajuda, e pela poderosa intercessão do Apóstolo Santiago, os queridos filhos da Galícia e da Espanha, assim como os vindos de outras terras, progressem material e espiritualmente, em um clima de solidariedade para com os mais necessitados e de paz com todos.Vaticano, 29 de novembro de 1998, primeiro domingo do Advento. JOANNES PAULUS II
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